Objetivo é criar vacina para prevenir o surgimento do diabetes tipo 1. Testes foram feitos em camundongos e precisa ainda ser feito em humanos.
Cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro,
descobriram que o parasita causador da doença de Chagas pode ser usado
na prevenção de outra doença sem cura: o diabetes tipo 1, que atinge 1
milhão de brasileiros.
A descoberta ainda precisa ser testada em seres humanos, mas os pesquisadores estão otimistas.
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune cujo corpo ataca as células do
pâncreas que produzem insulina. O hormônio é responsável pela quebra
das moléculas de glicose para transformá-las em energia. Quando não há
produção de insulina, a quantidade de açúcar no sangue aumenta e as
consequências podem ser problemas na visão, nos rins e no coração.
O diabetes tipo 1 atinge principalmente crianças e jovens que se tornam
dependentes da insulina a vida inteira para controlar a doença.
A descoberta da Fiocruz, no entanto, foi por acaso. Enquanto
pesquisavam a doença de Chagas, os cientistas perceberam que camundongos
que recebiam o parasita Trypanossoma cruzi no laboratório não desenvolviam diabetes, mesmo sendo geneticamente propensos a doença.
Os testes começaram em 2005 e a equipe da Fiocruz, em parceria com a
Faculdade de Medicina de Petrópolis, está otimista com os resultados. O
diabetes não se manifestou em nenhum animal testado.
Segundo José Mengel, pesquisador da Fiocruz, o parasita mostrou ser “uma proteção extremamente robusta”.
“Você continua tendo uma proteção muito alta, em torno de 100%, mesmo
quando você usa uma droga que desencadeia o diabetes nesses
camundongos”, afirma Mengel.
O segundo passo do estudo é identificar e isolar a substância produzida
pelo parasita, capaz de proteger o organismo, para poder usá-la em
pacientes sem infectá-los com a doença de Chagas.
A expectativa dos pesquisadores é que no futuro a descoberta feita no
laboratório se torne o primeiro remédio capaz de prevenir a doença.
“As pessoas que já tem pais que apresentam a doença, a gente sabe de
antemão que eles têm mais chances de desenvolver o diabetes tipo 1, ou
seja, você poderia vacinar essas pessoas contra o futuro aparecimento do
diabetes tipo 1”, afirma Mengel.
Fonte: G1
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